O eu acima do todo (por Telma Sueli)

Fico imaginando o que teria acontecido se os governante do conflito atual no leste europeu tivessem participado de um processo psicanalítico, será que o caminho que seguiriam seria o mesmo? São pessoas que se encontram em situações de tomada de decisões sérias, capazes de mudar a vida de tantas outras e por que não de dizer, capaz de mudar a história do mundo. Estamos vivenciando um conflito assustador que NOS  levará a uma catástrofe sem precedentes, que possibilita a destruição do planeta e não apenas de um só continente ou país. Decisões são tomadas por seres humanos que um dia foram crianças e que tiveram suas personalidades construídas como todos nós, passando pelas fases de desenvolvimento que todo passam para chegaram à maturidade, havia alguém que orientou essa construção. Mas o que terão vivenciado para que em suas mentes não passem o crivo da sensatez do amor ao próximo? Ou mesmo que tipo de amor é esse que só defende o próximo de seus limites territoriais? Qual a lógica disso?

Para construir um psicopata não necessariamente precisamos de um psicótico, apenas é preciso que ele desconheça a compaixão e a culpa, ou melhor dizendo, ele conhece esses sentimentos porém os vivencia de maneira fria apenas como informações, sem empatia, pois quanto maior for sua frieza moral,  maior a sua capacidade de manipular os outros, tem maestria em despertar a compaixão e a culpa nos outros, menos em si, tem o poder de contaminar as mentes para a insensibilidade moral, espalhando-a por todo uma sociedade, como no caso que vivemos hoje. Para ele tudo é uma ameaça, uma agressão, um insulto, acabam assim por destruir a alma de uma povo. Não estou falando de um só psicopata aqui, mais de todos os envolvidos nessa trama.

Fazemos parte de um sistema planetário compostos por outros vários sistemas, estamos interligados de maneira tal que não há como não influenciar o entorno global, de alguma forma, tomar decisões, escolher estratégias, interferir no sistema, na vida de qualquer pessoa sem acarretar uma reação, e como não pensar nisso? Não avaliar as consequências? Como agir somente pensando em suposições que talvez não se concretizem? Em algo que pode não acontecer se todos agirem com sensatez, evitando conflitos? Não seria mais coerente a busca de equilíbrio para todos que fazem parte desses sistemas?

Essa maneira de agir vem da estrutura psíquica, da psicopatia, da elaboração distorcida do pensar, das nossas vivencias durante a construção do nosso eu, nesses, o desejo suplanta o racional, o instinto fala mais alto, dita as ações e os envolve em situações deploráveis por motivos efêmeros com resultados desastrosos, gerando sofrimento para tantos que só queriam viver. Quem terá sido, e como terá sido o ser que proporcionou a construção dessa mente que hoje consegue ultrapassar os limites da sanidade e destruir, vidas, sonhos, esperança em nome de uma defesa territorial, dita nacionalista de maneira irracional? Quem serão os outros que não conseguiram regredir em concessões para evitar tamanha tragédia? O que acontece nessas mentes que o poder chega às raias da loucura, esquecendo que suas ações provocarão perdas irreparáveis para o lugar e que é reduto do homem? Quando o ar, a temperatura, o clima, as águas e as matas não puderem mais ser recuperadas, o que restará? Vida? Será…? O que em suas mentes dominadoras, famintas de poder vão buscar dominar, o caos? Fico imaginando o que poderia ter feito Erickson ou mesmo Freud se esses poderosos tivessem tido a oportunidade de com eles conviverem para análise nem que tivesse sido por pouco tempo.

Fortaleza, 06 de março de 2022

Telma Sueli Matias da Silveira

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