Eu invisto diversas horas da minha semana para o consultório e o contato constante com as emoções de outras pessoas. A relação da mente inconsciente com a elaboração racional e consciente são coisas que me encantam e que fazem parte do meu dia a dia.
Também invisto uma quantidade de horas semelhantes para analisar os materiais dos pacientes, encontrar conexões e intervenções possíveis.
Um tópico me chama bastante atenção: O Trabalho!
De maneira geral o ser humano compreende o trabalho como uma oportunidade de desenvolver-se profissionalmente e/ou de promover seu próprio sustento.
Na fala de algumas pessoas o trabalho tem um peso, carrega-se como um fardo. Em nossa sociedade contemporânea incentiva-se as pessoas a trabalharem a semana para chegar o sábado, os meses para chegar as férias e os anos para se chegar a aposentadoria.
De longe estou sugerindo que o trabalho deve ser apenas aquele que nos anima, que nos motiva. Isso seria romantizar as abordagens que estudo e proponho, sempre haverão dias que chamaremos de bons e ruins. Mas há uma particularidade no trabalho que desenvolvo que me deixa sempre alerta.
A maioria das abordagens que estudo são livres. Isso significa que a formação de profissionais, o desenvolvimento cognitivo e intelectual, bem como a prática dessas áreas não são regulamentadas nem supervisionadas.
Isso é assustador para quem quer se dedicar de forma séria e constante.
Por exemplo, levei um ano inteiro para concluir minha formação básica em PNL Sistêmica, no ano seguinte fui a São Paulo fazer um curso com um dos co-criadores da PNL, o Robert Dilts. Desde 2014 que estudo, pratico e promovo uma reflexão constante da minha atuação e das minhas leituras. Não satisfeito busco grupos para debate e continuo procurando cursos, livros, artigos para continuar avançando na área.
Já no que diz respeito à Hipnose investi outro ano da minha vida (2013) para me dedicar à formação básica nessa área. Três anos depois lá estava eu em São Paulo novamente como o único cearense a fazer o curso do Mark Jensen. Continuo estudando, desenvolvendo novas abordagens, encontrando pontos de convergência… enfim, fazendo o trabalho que julgo ser o mais correto a ser feito.
Em contrapartida alguém em algum lugar do Brasil tem a ideia “brilhante” de ministrar um curso de algumas horas, anunciando que o sujeito sairá de um final de semana como profissional da área – formado.
Ainda não decidi o que é pior, ter pessoas que oferecem esses cursos ou pessoas que compram essa ideia.
Nossa sociedade está tão adoecida emocionalmente que nem se dá conta desse processo.
O impacto profissional nas nossas vidas é profundo, e quando escrevo um texto como esse, em que exponho como me sinto posso acabar afetando outras pessoas. É um risco que corro… a questão é que estou pensando sobre isso, pensando em como minhas escolhas profissionais tocam as outras pessoas, como minha estrutura de trabalho impacta em minha identidade e quais valores mantenho!
Entretanto, você leitor pode estar pouco interessado em como me sinto! Perceba que ao falar de mim sugiro uma reflexão em você, talvez você tenha pensado em seu próprio trabalho enquanto lia as dificuldades que enfrento, talvez tenha tido vontade de ir à São Paulo, ou tenha lembrado que já esteve lá, ou que nunca esteve lá, ou que conhece alguém que mora lá.
Construir, intencionalmente nossas escolhas profissionais cria um campo muito produtivo para nos tornarmos mais vivos, mais animados, até mesmo mais felizes enquanto vamos vivendo nossa vida. Essa é a visão que proponho sobre o trabalho, um elemento importante para a construção da nossa identidade e que nos ajude a progredir como seres humanos!
Forte abraço,
Adamo Brasil
Psicanalista e Hipnoterapeuta
Atendendo em Crato, Juazeiro e Fortaleza