“Não existe nada tão estável como a mudança”
Bob Dylan
Conheci espaços e pessoas que viviam mudanças tão lentas que nem sempre eram perceptíveis, pequeníssimas células que iam morrendo e tendo sua reposição sem nenhum conhecimento. Acontecia sem dor, sem sofrimento, que de alguma forma deixava-se convencer de que tudo era igual.
O tempo passava e afetava tantas coisas, mas a sensação de que tudo deveria ser igual e um alvo de performance e crescimento produtivo, pareciam dar conta de toda a complexidade daqueles seres. Por um tempo se convenceram que era possível simplificar tudo com algumas frases de efeito, sugerindo verdades pífias em alguns pontos de encontro que não exigiam a saída das suas casas, vulgarmente eram chamados de redes sociais.
Parecia que sair de casa era tudo o que buscavam evitar, preferiam se isolar sem suas vidas, suas garagens, seus deliverys, suas ideias fechadas em pequenos ciclos concordantes. Mas a mudança parecia precisar chamar mais a atenção daquele grupo, começou a fazer com que as mesmas células microscópicas se aglomerassem em células adoecidas, as quais prontamente foram removidas através de tratamentos tão (ou mais) dolorosos quanto a própria mudança.
Outros esforços foram feitos pela mudança: síndromes, transtornos, processos emocionais e físicos. E nem todos percebiam que ela existia. Em um esforço descomunal algo que não se podia ver ganhou espaço, e as pessoas pareceram querer viver outras vidas, que logo seriam abafadas se constantemente não se falasse e pensasse sobre o que é mudar.
Hoje a mudança tem uma estratégia bem eficaz, invisível, que afeta a todos sem distinção, não se sabe se daqui a pouco precisará ser tão forte quanto o foi para fazer com todos acreditem na sua existência.